Elon Musk, um decisor visceral?
Enquanto Elon Musk presidir o Twitter, a comunidade internacional de negócios não morre de tédio. O empresário mudou o nome da rede social para "X", há um mês, a fim de transformá-la em um superaplicativo que reúna multiplicas funções, nos moldes de alguns bastante populares na Ásia. O resultado foi um choque no mundinho da tecnologia e, claro, nos usuários, que já haviam transformado tuitar em verbo – privilégio que poucas marcas conquistam e ousam descartar. A opção soma-se a outras ligadas à rede, aparentemente açodadas, como a demissão repentina de um quarto dos funcionários, a mudança das contas verificadas, o fim do acesso livre a mensagens e da moderação de conteúdo. Afinal, qual é a de Musk?
Embora chame a atenção, o CEO do Twitter não é o único com comportamento tão "peculiar", digamos assim. Ao analisar a tomada de decisão nas empresas, Shvetank Shah encontrou três perfis diferentes de profissionais: os analíticos, que confiam em dados; os céticos, que os combinam com a própria opinião ou a de terceiros; e os decisores viscerais, que apostam no instinto, sem dar ouvidos a nada nem a ninguém. Estes últimos perfazem aproximadamente 19% dos profissionais de diferentes escalões e, ao que tudo indica, são a tribo a qual pertence Musk (artigo completo aqui).
Provas disso vão além das medidas arroladas no início, e chegam aos detalhes de como ocorrem, conforme uma executiva que trabalhou com ele: "(...) suas decisões eram quase sempre resultado do instinto, e [ele] não parecia obrigado a buscar ou confiar em uma grande quantidade de dados ou na experiência. Em vez disso, fazia uma enquete no Twitter, perguntava a um amigo ou, mesmo, pedia conselhos ao seu biógrafo. Às vezes parecia que confiava mais em comentários aleatórios do que naqueles que dedicavam sua vida a abordar esses problemas". (El País, 30/07/23, matéria completa em espanhol aqui).
Não deixa de ser irônico que o setor que mais dispõe de dados tenha como um de seus próceres alguém que os despreza em prol de escolhas personalistas, à moda antiga. E que os analistas de negócios tenham que recorrer à psicologia para explicar o comportamento de um dos maiores empresários do mundo, como fez um professor de administração: "Elon Musk é uma pessoa com uma vaidade maior que a sua própria fortuna". Mas se ele se tornou bilionário assim, quem somos nós para duvidar que o sucesso alcançado na PayPal e na Tesla não se repetirá no X?
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