A força do Brasil também está nos pequenos negócios
Por que fabricantes não revendem peças? A pergunta feita pelo presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae RS e do Sistema Fiergs, Gilberto Petry, parece simples, mas, para ele, estimula uma reflexão sobre o potencial de desenvolvimento que as microempresas carregam. "Porque os fabricantes não têm essa estrutura. Eles precisam dos pequenos negócios", respondeu, durante coletiva de imprensa (foto) realizada pelo Sebrae na quarta-feira (5). A fala reflete a postura que o Sebrae vem adotando em seus projetos recentes, voltados à capacitação de pequenos empresários para que o topo da pirâmide seja bem abastecido – algo que, como defende a diretoria executiva, traz resultados positivos para toda a economia. "As empresas precisam umas das outras, e o desenvolvimento do país precisa dessa harmonização", completou o diretor-superintendente André Vanoni de Godoy.
Segundo dados do Sebrae, a participação dos pequenos negócios no PIB brasileiro é de 27%, e são eles que geram o maior número de empregos com carteira no país, sendo responsáveis por mais da metade (54%) dos empregos formais e 44% da massa salarial. A estimativa da quantidade de pequenos negócios no Brasil, dentre microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, é de 15,4 milhões.
Mas, para que possam contribuir com este cenário, é necessário que o ambiente empreendedor se torne mais acolhedor às pequenas empresas. O Conselho Estadual de Desburocratização foi uma das saídas encontradas pelo Sebrae, que desenvolveu o projeto com o objetivo de reduzir a burocracia da máquina pública, facilitar a vida de quem quer empreender, gerar emprego e desenvolvimento e oferecer serviços de maneira mais ágil. Com o apoio de representantes da sociedade civil e do governo gaúcho, a iniciativa foi inspirada em ideias de países como Canadá e Dinamarca, e já ajudou a eliminar mais de 900 normas que dificultavam o trabalho formal dos microempreendedores. De acordo com estatísticas divulgadas pelo Sebrae, a iniciativa já beneficiou mais de 92% dos pequenos negócios no Rio Grande do Sul.
Em meio à recuperação da crise, as expectativas concretas para as microempresas, são as mesmas das grandes e médias – pelo menos é assim que entende Godoy. "A pequena empresa não está isolada na economia. A perspectiva de crescimento é a mesma, em escalas diferentes. Enxergamos uma perspectiva positiva pra economia como um todo, porque, apesar de todas as dificuldades, as reformas que o governo federal conseguiu aprovar são fundamentais pra começar a mudar o cenário de médio a longo prazo no Brasil", acredita. Ainda segundo ele, a queda de juros que se observa no país também contribui para o mercado financeiro brasileiro, que perde volatilidade e atrai capital e investimento produtivo.
"Por isso apostamos nos programas de qualificação do microempresário, para ele ter mais condições de fornecer produtos e serviços de qualidade para as médias e grandes empresas", explicou o diretor técnico Ayrton Pinto Ramos. O programa ao qual ele se refere é a Rede Sebrae de Atendimento, que presta assistência às pequenas empresas através de mais de 130 projetos em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, para segmentos diversos. "Assim, atuamos na retomada do Brasil não só a nível de qualificação, mas também de melhoria do ambiente econômico junto aos poderes de Estado", finalizou.
*Com reportagem de Eduarda Pereira
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