Safra recorde impulsiona fábrica da John Deere no Sul
A crise que assolou o setor de máquinas agrícolas parece estar chegando ao fim. As fabricantes, entre elas a líder mundial John Deere, já apostam na reversão da tendência de queda nas vendas em relação a 2016. O principal motivo é a safra recorde. A Deere não divulga sua perspectiva de crescimento para o ciclo 2017/2018, mas afirma que acompanha o desenvolvimento da agricultura brasileira. “Temos de festejar a supersafra, pois independentemente do preço do produto, se o agricultor colher muito precisará de mais equipamentos. Colher muito é sempre bom. O agricultor se entusiasma e isso enseja necessidade de reposição de novas máquinas agrícolas”, destacou Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, no evento que comemorou uma década da fábrica instalada em Montenegro (RS) na quarta-feira (2).
A fábrica de Montenegro – unidade dedicada à produção de tratores – é considerada pela multinacional norte-americana como um passo decisivo para a consolidação da multinacional no Brasil. Além dela, a companhia mantém outras quatro em solo brasileiro: uma em Horizontina (RS) que fabrica colheitadeiras de grãos e plantadeiras, duas em Indaiatuba (SP) para máquinas de construção, e uma em Catalão (GO) com foco em colhedoras de cana de açúcar e pulverizadores.
Nos últimos dois anos, a Deere duplicou as estruturas produtivas em suas quatro unidades brasileiras. Não há investimentos em curso em expansão das plantas, porém Herrmann assegura que a companhia investe continuamente US$ 100 milhões por ano na operação nacional. Desde 2007, a empesa aplicou cerca de US$ 550 milhões em estruturas físicas no país. Desse valor, um pouco menos da metade (US$ 250 milhões) foi empregado na construção da fábrica de Montenegro. Outros US$ 40 milhões foram usados para a expansão da mesma planta, em 2015 – o que permitiu a fabricação de tratores de alta potência. A divisão é a única fora dos Estados Unidos que fabrica os tratores de grande porte 8R com potência de 400 cavalos – carro-chefe da companhia devido ao alto desempenho. E o crescimento da unidade, a terceira maior da companhia no Brasil, está longe de estagnar, garante Paulo Rohde, gerente-geral da fábrica. “Em uma década levamos uma unidade que fabricava 12 modelos para 39 modelos de tratores, de 20 tratores para 70 tratores por dia. Isso mostra que nesse período suportamos o ritmo de crescimento da companhia e do mercado”, ilustrou Rohde.
Cem mil tratores de três séries diferentes de 55 a 400 cavalos já foram montados na unidade montenegrina, que tem capacidade instalada de 14 mil tratores por ano, considerando somente um turno de trabalho. Cerca 20% do volume tem como destino o exterior, principalmente Argentina. Na ocasião, Samuel Allen, CEO global da Deere, frisou a confiança da companhia na unidade. “Antes sentíamos uma desconfiança do mercado em relação a produtos brasileiros. Hoje, fabricam em Montenegro produtos para vários outros países. A exportação está cada vez mais presente no futuro dessa fábrica”, destacou. Não sem razão, o aumento da fatia voltada para a exportação é uma das pretensões da companhia para o próximo ciclo de dez anos.
Durante a solenidade, a John Deere entregou uma chave de ouro ao empresário Raul Randon, em comemoração à venda do trator de número 100 mil produzido na unidade. Randon foi escolhido por ser, além de cliente, também o responsável pelo consórcio nacional da John Deere.
*Com reportagem de Isadora Duarte, de Montenegro (RS).
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