Mercado português atrai startups do Sul do Brasil
Há tempos que Portugal deixou de ser só a terra do fado e dos pastéis de nata. Com investimentos privados e públicos, as terras lusitanas tornaram-se férteis também para empresas de tecnologia e inovação, atraindo startups e talentos. Em uma missão liderada pelo Sebrae-RS, 12 empresas do Sul vieram a Lisboa participar da Web Summit e fazer conexões com o ecossistema local. Coordenadora de economia digital e startups da entidade, Debora Chagas (foto) destacou algumas das oportunidades trazidas pelo evento e possibilidades de expansão que o mercado português oferece. Confira a entrevista exclusiva para o Portal AMANHÃ.
O que esta edição tem diferente das outras?
Todas as edições representam uma evolução, até na tecnologia. A robô Sofia vem a cada ano na Web Summit, e sempre se vê o quanto a inteligência artificial evoluiu nesse período. Algo que me chamou a atenção foi a questão dos dados, que na edição passada já tinha sido discutida e agora está ainda mais forte. O 5G também veio este ano, por estar mais próximo da realidade. E a exposição traz novas tecnologias, com as empresas apresentando novidades em seus espaços. Isso mostra um amadurecimento do próprio evento, com um número maior de pessoas e startups, inclusive do Brasil. Nosso grupo tem três startups expondo, o que tem trazido um retorno muito bom. Esse movimento reflete o mercado de Portugal, que está cada vez mais maduro e consolidado.
Com tantas opções de painéis e atividades, como você tem escolhido os conteúdos?
Dividi o tempo entre um pouco de conteúdo, com os assuntos que tenho mais interesse, mas também acompanho as empresas que vieram, além de encaminhar informações para o Sebrae. Na exposição, busco sempre olhar os quatro pavilhões, mesmo que de uma forma mais geral, porque isso agrega bastante.
Qual a grande lição que a Web Summit oferece este ano? Qual o recado que fica para os empreendedores?
O recado é ver o que está acontecendo no mundo. Por mais que seja em Portugal, é um evento do mundo. São pessoas de mais de 160 países, então isso promove toda uma troca com o que tem de mais novo. Falamos muito para nossas empresas da oportunidade de estar aqui e se conectar, vendo se o que está sendo desenvolvido lá no Brasil está seguindo as principais tendências de mercado e tecnologia. E, claro, ver as oportunidades que Portugal tem a oferecer, inclusive como porta de entrada para a Europa.
Como o Sebrae-RS tem interagido com a transformação digital e as startups?
Temos um programa de startups que é o maior do país, o Startup RS. Atendemos desde quem está na ideação até a operação e tração. São programas para cada nível de estágio de maturidade da startup. Atendemos cerca de 100 startups por ano em programas continuados. Estamos com um ecossistema cada vez mais maduro no Rio Grande do Sul, e isso decorre em muito dos programas que iniciamos há cinco anos. Temos hoje cases bem legais de empresas que passaram pelo programa e cresceram, como Warren, Aegro e Rocket.Chat, que já atuam em vários estados e até internacionalmente.
Vocês estão liderando uma missão com doze empresas gaúchas. Qual o balanço dessa participação?
Já fazemos um trabalho prévio com essas empresas. Temos um projeto de internacionalização com foco em Portugal, e também fazemos palestras paralelas à Web Summit. Na segunda-feira, antes de começar o evento, fizemos uma agenda sobre oportunidades do mercado português. Conectamos com vários parceiros daqui, como aceleradoras e fundos, mostrando todo esse apoio para a empresa que tem interesse de vir para cá. Pelo relato das companhias, tem sido muito bom. A ideia de alguns é amadurecer esse mercado e ver a possibilidade de vir para cá.
As micro e pequenas empresas são responsáveis por mais de um quarto do PIB do país, representam em torno de 98% do total de empreendedores e geram mais da metade dos empregos. Como essas empresas têm se adaptado às mudanças trazidas pela transformação digital?
Esse é um grande trabalho que o Sebrae também tem feito, que é levar tendências e mostrar como se faz a transformação digital para esses negócios. Se as grandes empresas têm esse desafio, as pequenas também: fazer essa inserção, melhorar seus modelos de negócio e seguir competitivos. Isso passa por um olhar de tecnologia.
Em termos de ambiente de negócios, o que o Brasil pode aprender de Portugal?
Há aqui toda uma política de país para inovação e tecnologia. Temos de avançar muito nesse sentido. Por exemplo: os fundos que foram construídos aqui fazem com que as startups, na ideia, tenham acesso a P&D, para conseguir desenvolver. Temos muito a avançar nisso. Precisamos fomentar muito novas ideias de tecnologia para que possam virar cases. Portugal está com grandes programas que beneficiam inclusive empresas de outros países. Existe uma visão deles que mostra onde se quer chegar em termos de inovação e tecnologia. E isso se relaciona também com a Web Summit.
*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez, que promove uma missão ao evento.
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