"Lições que aprendi em Israel, a Nação Startup"

Como membro da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), participei da missão ao Ecossistema de Inovação de Israel no final do ano passado. Neste espaço, gostaria de compartilhar algumas impressões e lições que ficara...
"Lições que aprendi em Israel, a Nação Startup"

Como membro da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), participei da missão ao Ecossistema de Inovação de Israel no final do ano passado. Neste espaço, gostaria de compartilhar algumas impressões e lições que ficaram dessa experiência.

O Estado de Israel é um país novo, com apenas 70 anos. Atualmente, conta com 9 milhões de habitantes – comparativamente, um território menor do que Santa Catarina, que tem 5 milhões –, e faz fronteira com países com conflitos históricos: Egito, Jordânia, Síria, Líbano e o Estado Palestino. Tem a maior parte do seu território ocupado pelo deserto de Negev e com pouquíssimos recursos naturais, importando quase tudo que consome. Muito se fala atualmente de problemas socioeconômicos causados pelas correntes migratórias atuais, mas, na década de 1990, com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, Israel viu sua população crescer 25% de uma hora para outra com a vinda de imigrantes de origem judaica provenientes daqueles países da Cortina de Ferro. 

Contra todas as adversidades, Israel floresceu a partir da economia fortemente voltada para a tecnologia de ponta. A necessidade de sobreviver e lutar pelo país foi o ingrediente para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e soluções de defesa. Com taxa de desemprego de 4%, idade média de 30 anos e expectativa de vida de mais de 80 anos, Israel vem crescendo continuadamente há mais de uma década. Hoje, 44% da população é economicamente ativa, sendo que 8,4% trabalha em empresas high tech.

Israel tem uma startup para cada 1.400 habitantes e é o país que, junto com a Coreia do Sul, mais investe em educação (5% do PIB) e em Pesquisa & Desenvolvimento (4,5% do PIB). E não estão aí contabilizados os aportes em defesa e armamento. As instituições de ensino e pesquisa focam na formação dos melhores talentos e no incentivo ao empreendedorismo. O fracasso e o risco são necessários para obter experiência e conquistar o sucesso. Por exemplo, quando um empreendedor busca financiamento em Israel, o fato de já ter tentado e fracassado é considerado muito positivo, pois a pessoa está tentando novamente. Mostra força, resiliência e experiência.

O governo tem políticas robustas para a atração de empresas e investimento no ecossistema de negócios de inovação. As 340 maiores multinacionais de tecnologia contam com centros de pesquisa e desenvolvimento no país, como Google, Amazon, Apple, Cisco, Alibaba, Ebay, Nokia, Sansung, Intel e Microsoft. 

Reforço: estamos falando de um país menor do que Santa Catarina e que investe mais que o dobro do que os Estados Unidos, a maior economia do mundo, em negócios de capital de risco (Venture Capital). E só perde para os EUA e para a China com mais empresas listadas na Nasdaq. Os processos de aquisição de startups unicórnios são da ordem de muitos bilhões de dólares. Para citar os principais, a Mobileye, de sistemas para carros autônomos, foi adquirida pela Intel por US$ 15,3 bilhões. E a SodaStream, que desenvolveu um equipamento portátil para gaseificação de bebidas, recebeu aporte de US$ 3,2 bilhões da Pepsico.

PPP com visão de mercado e escala global
O ingrediente-chave para o sucesso do ecossistema de inovação de Israel é o que eles chamam de “atender às necessidades por meio da inovação”. À medida que uma necessidade de mercado é detectada, busca-se uma solução inovadora. Imediatamente, são desenvolvidos testes que são direcionadas para adoção por meio da indústria, feitas adaptações e correções de rota. 

É muito parecido, se não igual, ao que acontece em todo o mundo quando se fala em negócios de inovação. Mas o que determina o sucesso do ecossistema de Israel é o “approach” mais direto ao resultado e ao mercado. As pesquisas de base realizadas nas universidades e centros de tecnologia são transferidas rapidamente para a iniciativa privada, com apoio governamental muito grande. O Governo de Israel participa do risco dos projetos de inovação, mas deixa o mercado decidir qual direção as áreas de inovação devem seguir.

Todas as universidades possuem um centro de tecnologia que faz com que as inovações e invenções cheguem ao mercado. Neste ecossistema integrado, as novas tecnologias são desenvolvidas, testadas, modificadas e entregues ao mercado com uma velocidade realmente impressionante em setores diversificados como agrotecnologia, fintechs, mobilidade e telecomunicações, alimentos, saúde, água e energia. E sempre pensando em escala global, já que o mercado interno não daria sustentação à nova solução. Há também um discurso homogêneo em todas as instituições e empresas ressaltando o país Israel como marca de inovação, e não uma determinada organização. As pessoas e empresas têm orgulho de sua origem e de seu país.

 *Presidente da Termotécnica

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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