Setor de serviços apresenta segunda taxa negativa seguida

Segmento retraiu 0,2%, de acordo com o IBGE
Segmento de telecomunicações influencia queda do setor de serviços em fevereiro

O setor de serviços variou -0,2% na passagem de janeiro para fevereiro, acumulando uma perda de 2% frente ao nível de dezembro de 2021. Com isso, o setor ficou 5,4% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 7% abaixo de novembro de 2014 (ponto mais alto da série histórica). Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE.

"Das últimas seis taxas, quatro foram negativas (em agosto, setembro, janeiro e fevereiro) e duas foram positivas (em novembro e dezembro). Ainda que haja um predomínio de taxas negativas, o saldo desses seis meses ficou em 0,1%, ligeiramente positivo e muito próximo da estabilidade", contextualiza o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. "Isso configura um setor de serviços mais estacionário, mostrando uma acomodação dos ganhos auferidos até agosto de 2021", complementa.

Lobo divide o comportamento do setor de serviços com a pandemia em quatro momentos: março a maio de 2020 foi de queda acentuada, acumulando perda de 17%; de junho a novembro de 2020 foi de rápida recuperação, com o setor acumulando ganho de 15,6%; já de dezembro de 2020 a agosto de 2021 houve uma desaceleração, mas ainda com crescimento acumulado de 9,7%; e de setembro de 2021 a fevereiro de 2022 o setor mostrou acomodação, variando 0,1% no período.

O principal impacto negativo veio dos serviços de informação e comunicação (-1,2%), que recuaram pelo terceiro mês consecutivo. A atividade está num patamar 8,6% acima de fevereiro de 2020. "O que puxou a queda dessa atividade foram as telecomunicações, que caíram 2,8% em fevereiro. Esse segmento, que é o de maior peso na pesquisa, encontra-se 9% abaixo do patamar pré-pandemia", explica Lobo. A atividade de outros serviços, por sua vez, registra a segunda queda consecutiva, acumulando perda de 1,3% nos dois primeiros meses de 2022. "O que puxou para baixo foi o segmento de coleta de resíduos não perigosos", detalha Lobo. A atividade está 0,4% abaixo do patamar pré-pandemia.

Já os serviços prestados às famílias variaram 0,1% em fevereiro. "A atividade ficou muito próxima da estabilidade e praticamente não influenciou no resultado do setor de serviços. Mas é preciso lembrar que houve queda em janeiro, interrompendo uma sequência de nove taxas positivas seguidas, e, agora, a estabilidade", destaca o gerente. A atividade, muito impactada pela pandemia, encontra-se num patamar 14,1% abaixo de fevereiro de 2020. O destaque pelo lado das altas ficou com os transportes, que cresceram 2% em fevereiro. "Esse é o quarto mês seguido de crescimento, com ganho acumulado de 8,2% nesse período. Em fevereiro, o setor foi impulsionado pelo transporte rodoviário e ferroviário de carga", explica Lobo. O setor de transportes encontra-se num patamar 14,2% acima de fevereiro de 2020.

Também com alta, os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 1,4%, quarto resultado positivo consecutivo, com expansão acumulada de 6,8%. Em fevereiro, foram impulsionados pelas maiores receitas obtidas pelas empresas que atuam com locação de mão de obra temporária, atividades de cobrança e informações cadastrais e locação de automóveis. "A locação de automóveis, em particular, teve uma influência por conta da queda nos preços apurados nos aluguéis dos veículos, mensurada pelo IPCA (-15,2%), que fez com que houvesse aumento no volume de serviços de locação de automóveis", destaca o gerente. Os serviços profissionais e administrativos como um todo encontram-se 3,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Em relação a fevereiro de 2021, o setor de serviços cresceu 7,4%, com alta em quatro das cinco atividades. "Essa é a 12ª taxa positiva seguida nessa comparação. A base de comparação do início do ano de 2021 ainda é deprimida, o que favorece o aparecimento de taxas positivas nesses dois meses iniciais de 2022", complementa Lobo. Regionalmente, 13 das 27 unidades da federação tiveram retração no volume de serviços entre janeiro e fevereiro, com impacto mais importante vindo de São Paulo (-0,5%), seguido por Distrito Federal (-3,4%) e Santa Catarina (-2%). Em contrapartida, Minas Gerais (2%), Rio de Janeiro (0,8%) e Mato Grosso (6,6%) registraram os principais avanços em termos regionais.

Pesquisa mensal de serviços
A pesquisa mensal de serviços (PMS) produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país, investigando a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação. Há resultados para o Brasil e todas as unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra.

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