Para você dar o nome

Faltando apenas a primeira votação no Senado, tudo indica que Dilma deixa a presidência temporariamente em meados de maio, dando lugar a Michel Temer. Foi o desfecho de uma longa e penosa crise que, para além das fronteiras da política partidária, de...
Para você dar o nome

Faltando apenas a primeira votação no Senado, tudo indica que Dilma deixa a presidência temporariamente em meados de maio, dando lugar a Michel Temer. Foi o desfecho de uma longa e penosa crise que, para além das fronteiras da política partidária, deixa também alguns ensinamentos em temas caros à vida das corporações. Acompanhe:

1. O que separa o Collorgate, de 1992, do Dilmagate? No primeiro, houve um impeachment que poderíamos chamar de “orgânico”; as acusações contra Collor foram se acumulando e, catalisadas pela crise econômica, pela minoria parlamentar e pela pressão das ruas, o afastamento do presidente pareceu a saída mais lógica e natural. No caso de Dilma, houve o inverso: insatisfeitos com os rumos da economia e com a falta de interlocução, empresários e políticos iniciaram o segundo mandato dispostos a afastar Dilma – mas, para tanto, precisavam de um pretexto, um “gancho” jurídico-político (a esse respeito, leia aqui). O impeachment da petista começa com o desejo de afastá-la, e não com fatos que a comprometessem – estes foram buscados a posteriori. O que nos traz a primeira lição: as pessoas primeiro decidem, depois buscam explicações racionais que justifiquem suas decisões. Se encontrarem justificativas suficientes, não se constrangerão em seguir adiante com seus intentos, sejam eles quais forem – e, como veremos adiante, no Dilmagate encontraram-nas às pencas.

2. Na tomada de decisão, a emoção tem papel primordial. Não dialogar com deputados, senadores e empresário fez de Dilma uma figura antipática e facilmente atacável por todos esses atores, o que não é pouca coisa. Como Malcon Gladwell mostra em “O ponto de desequilíbrio” (veja aqui), os norte-americanos não processam médicos que cometem erros, e sim médicos dos quais não gostam. Da mesma forma, ninguém pede a derrubada de presidente com quem simpatiza, e isso vale para o cidadão comum e para o político. (A esse respeito, vale ler a coluna “Dilma não ouviu Collor”, de um jornalista da Folha de S. Paulo, disponível aqui).

3. Donde a lição número 2: quem tem a pretensão de liderar, precisa, primeiro, estabelecer uma conexão emocional com seus seguidores, para, assim, assegurar sua fidelidade. Competência vem depois. Afinal – e essa é a terceira lição –, convém relembrar: habilidades sociais e emocionais são tão importantes quanto as técnico-cognitivas. 

4. Na batalha da opinião pública, mais importantes que os argumentos utilizados são os rótulos com os quais  são revestidos. “Petrolão”, “petralha” e “esquerda caviar” são bolas dentro da oposição, enquanto “golpe” é um golaço da situação. “Pedaladas fiscais” foi uma bela cesta de três pontos para a oposição; já “procedimentos contábeis normais”, apenas um pontinho para o governo. Lição 4: se as pessoas são guiadas pela emoção, não admira que, antes de aderir a ideias, atenham-se a rótulos na hora de escolher um lado. Logo, um bom branding e um bom slogan são fundamentais na hora de atrair aliados em qualquer esfera da vida. 

 (continua na próxima semana)

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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