“Banco Central está relativamente tranquilo com inflação”, afirma Campos Neto
Sem olhar para o curto prazo, o Banco Central (BC) analisa a inflação num intervalo mais amplo, afirmou o presidente do órgão, Roberto Campos Neto. Em evento organizado por cooperativas de crédito, ele disse que o BC ainda está tranquilo em relação ao comportamento dos preços, apesar de estar vigilante. "Temos dito que estamos relativamente tranquilos. Estamos acompanhando o processo", declarou Campos Neto em evento organizado pelo Sicoob Engecred. Ele reiterou que a autoridade monetária não pode ater-se as oscilações temporárias de preços ao definir a taxa Selic (juros básicos da economia), mas observar a inflação no médio e no longo prazo.
"Há quatro meses, por exemplo, a gente estava recebendo uma enxurrada de críticas no sentido de que deveria ter reduzido ainda mais os juros básicos, já que o cenário de inflação era outro", lembrou Campos Neto. Atualmente, a Selic está em 2% ao ano, no menor nível da história. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que o impacto dos alimentos sobre a inflação é temporário.
No evento, o presidente do BC voltou a defender a necessidade de que o país retome as reformas estruturais após o fim da pandemia. Segundo ele, um plano fiscal precisa ser levado a cabo para conter a dívida pública, que cresceu durante o surto global de Covid-19. "O problema principal do Brasil agora é a dívida grande para administrar. Um ponto muito importante, talvez o basilar, é conquistar credibilidade com a continuação das reformas e com um plano que indique a clara percepção para investidores que país está preocupado com trajetória da dívida pública", comentou.
Campos Neto recordou que a curva de juros doméstica atualmente é uma das mais inclinadas do mundo, atribuindo o fato às incertezas em relação ao quadro fiscal. Apesar de a Selic (taxa de mais curto prazo) ter caído para o menor nível da história, as taxas dos títulos públicos de médio e de longo prazo aumentaram desde o início da pandemia por causa dos receios sobre a economia brasileira. Quanto maior a inclinação, maior a desconfiança dos investidores.
Na avaliação de Campos Neto, os agentes de mercado estão preocupados com o impacto de uma eventual extensão do auxílio emergencial sobre as contas públicas. Ele reiterou que hoje não há quase nenhum espaço para novos gastos do governo.
Com Agência Brasil
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