Juros: quem vencerá a luta?
Uma nova sinalização do Federal Reserve sobre o futuro da política de juros dos Estados Unidos era aguardada na tarde de quarta-feira (17) ao final de mais uma reunião do Fomc (Federal Open Market Committee). As expectativas do mercado de que os juros fossem mantidos no momento se confirmou. Porém, ao que tudo indica, ainda neste ano haverá uma elevação nas taxas na medida em que a maior economia do mundo indica recuperação dos efeitos da grave crise. A mudança, no entanto, deverá ser mais lenta, conforme indicou a autoridade monetária norte-americana.
Caso o cenário se confirme, o país se unirá ao Brasil como exceção da tendência global de políticas monetárias mais frouxas no momento. Em meio à atividade baixa, diversos países têm adotado a estratégia de diminuir os juros e estimular o setor produtivo no lugar de retornos mais generosos na renda fixa. Conforme ressaltou reportagem produzida pela rede americana CNBC, cerca de 25 países – do Canadá à Tailândia – afrouxaram a corda da política monetária neste ano. As diferenças de estratégias são vistas até em países que passam por momentos econômicos passíveis de comparação. É o caso de Brasil e Rússia. Enquanto o primeiro tem visto o Banco Central elevar por sucessivas reuniões o patamar da Selic (hoje em 13,75% ao ano, mas com expectativas de que o número supere os 14% já ao final de julho), o segundo preferiu derrubar a taxa de maneira agressiva.
Apesar de compartilharem a percepção de juros mais elevados, as semelhanças entre BC e Fed param por aí. Os contextos das duas economias é extremamente diferente. Enquanto os brasileiros rezam para a inflação cair e as autoridades monetárias abusam dos efeitos colaterais da overdose na Selic, para além da linha do Equador a preocupação é oposta. Nos Estados Unidos, a torcida é para que os índices de preços comecem a subir e pressionem os juros. Para isso acontecer, os indicadores de desemprego também precisam apontar para um mercado mais aquecido. Enfim, no Brasil, os juros já elevados estão em tendência de alta, enquanto na maior economia do mundo, as expectativas são de que as taxas muito baixas possam começar a sofrer elevação. O primeiro passo nesse sentido foi tomado com o fim da política de injeção de estímulos que ficou conhecida como “Quantitative Easing”.
Conforme destacaram especialistas ouvidos pela agência americana, as divergências no ciclos das políticas monetárias mundiais costumam ser fenômeno raro. No passado, elas eram mais sincronizadas, mas hoje o nível mais acelerado da recuperação norte-americana coloca o país em um sentido oposto à da Europa e outras nações em dificuldades. A tendência é que esse descompasso se mantenha por algum tempo, enquanto o mundo enfrenta a desvalorização das commodities com a desaceleração da economia chinesa – sem falar na possibilidade de recaída no aperto monetário dos Estados Unidos ou novos efeitos da crise grega.
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