Entenda como o conflito no Oriente Médio pode impactar o mercado financeiro

Incertezas após o ataque surpresa do Hamas a Israel no sábado e o início da guerra contra o grupo terrorista mexe com os ativos
Principal impacto está na alta do petróleo

Os mercados financeiros globais acordaram abalados diante das incertezas geopolíticas no Oriente Médio causadas pelo impacto dos ataques do Hamas a Israel no fim de semana e a declaração de guerra do país ao grupo terrorista. A principal preocupação dos investidores é se o conflito vai ficar restrito a Israel e a Faixa de Gaza ou pode se propagar para outras regiões do Oriente Médio, grandes produtoras de petróleo. A Faixa de Gaza é um território controlado pelo Hamas, que jurou destruir Israel e travou várias guerras com o país desde que assumiu o poder em Gaza em 2007. Nesta segunda-feira (9) os contratos futuros da commodity abriram o pregão em forte alta, com receios de problemas no fornecimento. O futuro do petróleo tipo Brent, referência mundial, para o mês de dezembro subia 3,7%, a US$ 87,69 o barril. Já a referência americana do WTI (West Texas Intermediate) para o mesmo mês avançava 3,7%, negociado a US$ 84,30 o barril. Importante pontuar que Israel tem um papel baixo na produção global de petróleo. No entanto, uma possível a escalada do conflito para países árabes pode levar a problemas de abastecimento.

O Irã, por exemplo, é um importante produtor de petróleo mundial e um ferrenho apoiador do grupo terrorista Hamas. O país também tem relações conturbadas com os Estados Unidos, principal aliado de Israel, o que poderia restringir embarques da commodity. O economista André Perfeito explica que a força dos ataques de Israel a Faixa de Gaza pode levar a morte de vários palestinos e que essa ofensiva pode levar a reação de países árabes como Irá, Arábia Saudita e Catar. "Me parece que o barril de petróleo irá seguir em alta na esteira da reação israelense enquanto se tenta observar a reação dos outros países da região", cogita. Para a equipe de economistas da Guide Investimentos, o maior risco para o mercado envolve o impacto inflacionário que os eventos do fim de semana podem causar nos preços da energia. "Ainda está muito cedo para dizer que o ataque terá algum impacto prolongado no preço das commodities. De toda forma, cabe acompanhar a evolução do conflito, principalmente nesses primeiros dias, quando a incerteza ainda reina", afirmam.

Em relação ao mercado de ações e de câmbio, os investidores ainda fazem projeções. Por um lado, os agentes de mercado precisam determinar se o risco do conflito se alastrar vai levar a uma corrida ao dólar. Por outro, analisam se a guerra pode levar a um novo surto de inflação e consequente alta dos juros, o que pode elevar o rendimento de títulos da dívida. "Provavelmente o mercado irá manter o tom cauteloso uma vez que o Hamas capturou dezenas de israelenses como reféns, logo o exército não poderá abrir fogo indiscriminado, mas esta situação deverá ser resolvida até o fim da semana", conclui Perfeito.

Impactos para o Brasil
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que o conflito entre o Hamas e Israel deve trazer volatilidade aos preços de combustíveis, em especial ao diesel. "Não tem o que fazer muito mais do que já estamos fazendo. O principal efeito é a volatilidade do diesel", declarou. Ainda segundo o executivo, a estatal "está fazendo a sua parte" e o cenário vai mostrar que a "política de preços está dando certo". A declaração foi dada durante um evento organizado pela Câmara de Comércio Noruega e Brasil, no Rio de Janeiro. Em um outro evento, ao falar sobre o conflito, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o cenário internacional mais desafiador é compensado por um ambiente doméstico benigno. "O Brasil consegue, apesar disso, seguir em um ciclo de corte de juros em um 'pace' que foi sinalizado desde agosto. Primeiro porque a inflação vem apresentando comportamento benigno e tivemos surpresas positivas no crescimento e na inflação", relatou.

Com Redação da B3

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Terça, 03 Dezembro 2024

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