Piwi, a resiliente uva que pode ganhar espaço no Sul

Pesquisadores alemães e italianos estão percorrendo Santa Catarina na última semana de janeiro, juntamente com profissionais da Epagri e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para conferir os resultados já alcançados no projeto de desenvo...
Piwi, a resiliente uva que pode ganhar espaço no Sul

Pesquisadores alemães e italianos estão percorrendo Santa Catarina na última semana de janeiro, juntamente com profissionais da Epagri e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para conferir os resultados já alcançados no projeto de desenvolvimento das uvas Piwi (foto). O termo alemão caracteriza um grupo de variedades de uvas obtidas nos últimos anos via melhoramento genético, oriundas de cruzamentos de variedades viníferas com espécies selvagens. O objetivo é reunir numa só planta a qualidade das viníferas e a resistência à doença das selvagens, permitindo a produção de vinhos finos com menos custos e impactos ambientais reduzidos. 

O projeto de avaliação vitivinícola de genótipos de videira nas condições do terroir de Santa Catarina vem sendo desenvolvido desde 2013 pela Epagri, em parceria com a UFSC e apoio da Fundação Edmund Mach, que fica na Itália, e do Instituto Julius Kuhn, da Alemanha. Ao longo desta semana técnicos brasileiros e estrangeiros estarão visitando cultivos experimentais. A comitiva iniciou os trabalhos por Florianópolis, onde foi recebida pela presidente da Epagri, Edilene Steinwandter e por parte da diretoria e gerência da instituição. Na ocasião, foram tratados assuntos estratégicos para seguimento do projeto. 

André Luiz Kulkamp de Souza, gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira e um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, explica que o grande diferencial das uvas Piwi é que se consegue, via tecnologia molecular, novas variedades com mais de 90% de sangue de vinífera e apenas o gene de resistência – já conhecido e mapeado – das selvagens. Ele conta que, em alguns países do mundo as uvas Piwi já são consideradas viníferas.

“Já foram colhidas safras das uvas Piwi nas produções experimentais conduzidas pelo projeto e os resultados são promissores”, avalia Souza. De acordo com ele, já é possível identificar algumas variedades com potencial para Santa Catarina, principalmente as brancas para fabricação de vinhos e espumantes. Isso por que elas são bastante produtivas, apresentam maturação adequada e vinhos com características interessantes, além da alta resistência ao míldio da videira, a principal doença da cultura. Segundo o pesquisador da Epagri, a diferença de características produtivas e enológicas da uva nos diferentes locais de Santa Catarina prova que existem variedades que se adaptam melhor em cada condição de solo e clima. Desde 2015 as novas variedades vêm sendo testadas em cinco regiões vitícolas do estado com diferentes altitudes: Água Doce, São Joaquim, Curitibanos, Videira e Urussanga.

As uvas europeias de alto potencial enológico – como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Pinot Noir – podem sofrer doenças fúngicas quando cultivadas nas condições climáticas catarinenses. “A introdução e a criação de novas variedades adaptadas às condições locais de cultivo, resistentes ou tolerantes a estresses bióticos e com elevado potencial enológico, torna-se essencial na busca de um sistema de cultivo sustentável”, justifica o pesquisador. O estudo está sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), sendo parte do recurso oriundo do Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura de Santa Catarina (Fundovitis).

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Quinta, 28 Março 2024

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