Entidades agropecuárias do Sul consideram que Plano Safra poderia ter juros menores

Ocepar, Faesc e FecoAgro/RS esperavam redução maior, mas entendem momento de dificuldade do país
Do total de recursos, R$ 179,3 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização
O governo federal anunciou, na quarta-feira (17), R$ 236,3 bilhões em recursos para o Plano Safra 2020/2021. Do total de recursos, R$ 179,3 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização (5,9% acima do valor da safra passada) e R$ 56,9 bilhões serão para investimentos em infraestrutura (aumento de 6,6%). O governo federal anunciou redução de taxas de juros (veja tabela a seguir).
Para a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), a
redução foi tímida e poderia ser maior. No entendimento da federação, com as taxas de juros praticadas atualmente no país e reguladas pelas políticas econômicas, os juros para programas de cooperativas como o Procap-Agro, assim como Pronamp e investimentos, poderiam ser menores. A FecoAgro/RS também se
solidariza com o pleito da Agricultura Familiar, que pedia um juro menor do que a Taxa Selic para o Pronaf, já que o objetivo é incentivar em termos econômicos e social os pequenos produtores. Entretanto a entidade compreende que as medidas tomadas estão inseridas no momento de crise do país.  A FecoAgro/RS
vai esperar os desdobramentos e resoluções complementares, além de como o sistema financeiro vai abordar a questão para que o recurso chegue nas agências. "Entre os pontos positivos elencados estão o volume de recursos e programas como o programa ABC, e apoio à inovação e à irrigação. Reconhecemos
que foi o plano possível neste momento de bastante dificuldade", destaca Paulo Pires, presidente da federação.

"Havia a expectativa de uma redução maior nos juros. Por outro lado, medidas relacionadas ao Procap-Agro são bem-vindas devido à necessidade de recursos para capital de giro", opina José Roberto Ricken, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A entidade entende como positivas as medidas anunciadas, dentro do contexto atual, e espera que as cooperativas e os produtores rurais possam investir em tecnologia e continuar produzindo com eficiência no campo. "Importante ressaltar o empenho da ministra Tereza Cristina e de toda sua equipe. As cooperativas contribuíram com a elaboração do plano, enviando propostas ao Ministério da Agricultura, discutidas em vários eventos", complementa Ricken.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) aponta que a única ressalva do setor é em relação à redução dos juros, que foi abaixo do esperado. "Diante da realidade de remuneração dos produtores e da Selic muito baixa, há a necessidade de maior redução dos juros aplicados no crédito rural. Porém, essa é uma demanda que a Faesc junto com a CNA vai continuar buscando para a próxima
safra", projeta José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc. Segundo o dirigente, o setor esperava um corte mais substancial nos juros de, pelo menos, 1% a mais do estabelecido. Um ponto positivo destacado pela entidade foi o Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR) que terá o volume recorde de R$ 1,3 bilhão, 30% a mais do que no ano passado. "A ampliação da verba destinada ao seguro rural é um dos principais avanços. Neste ano, além da pandemia do novo coronavírus, Santa Catarina viveu a pior estiagem dos últimos 14 anos, o que ressalta a relevância do seguro para o agricultor", comenta Pedrozo.

O presidente da Organização das Cooperativas do Estado deSanta Catarina (Ocesc), Luiz Vicente Suzin, fez uma crítica ao item de incentivo à construção de armazéns. O plano destina R$ 2,2 bilhões para estruturas
com capacidade de armazenamento de até 6 mil toneladas nas propriedades e a taxa de juros é de 5% ao ano. "Essa medida não é eficaz e o percentual cobrado ficará pesado no bolso dos empresários rurais, que também terão como desafio viabilizar o retorno desse investimento", observa Suzin. Apesar do alerta, ele
considera satisfatórias as reduções de juros anunciadas pelo plano.

Em um evento on-line promovido pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a ministra
da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que os efeitos do novo coronavírus no Brasil e o movimento de aversão ao risco foram fatores que afetaram a redução dos juros. "Este ano esperávamos um Plano Safra que pudéssemos equalizar juros menores, mas veio a pandemia, o que aconteceu, o mercado mundial e o
mercado financeiro interno ficaram avessos, com mais aversão ao risco", declarou. Ela comentou ainda que os grandes bancos privados não entraram na divisão para a equalização de juros, deixando essa responsabilidade basicamente para o Banco do Brasil.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Domingo, 15 Dezembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/