Quando menos é mais

Bianchini teve seu melhor resultado dos últimos anos em um período de escassez
Como 80% de sua receita ligada à exportação de grãos, a Bianchini tirou partido do cenário de valorização internacional das commodities agrícolas

No ano em que o mundo se preocupou com a saúde de um modo sem precedentes nos últimos cem anos, a Bianchini produziu o balanço mais robusto e saudável dos últimos anos. A maior empresa de comércio exterior do Sul já havia tido um ano positivo em 2019, quando o faturamento rompeu a casa dos R$ 4 bilhões – chegou a quase R$ 4,2 bi, para ser preciso.

Mas em 2020 a Bianchini se saiu ainda melhor. As vendas cresceram 4,6%, para R$ 4,4 bilhões, deixando um lucro de R$ 253,7 milhões, um salto em relação ao resultado líquido de R$ 153 milhões obtido em 2019. "Tivemos dificuldades em 2020, em função da dificuldade de obter matéria-prima, mas acabamos superando tudo e tendo nosso melhor ano", diz o diretor Arlindo Bianchini, com um tom de voz contido, como a se vacinar contra a euforia. "2021 foi positivo, também. Já 2022...", deixa no ar.

Por partes, começando por 2020. Como revela 500 MAIORES DO SUL, o patrimônio da Bianchini inflou de R$ 753 milhões para R$ 964 milhões, consequência de um período lucrativo. A rentabilidade cresceu com vigor e atingiu o equivalente a 29,5% do patrimônio. Medida como proporção das receitas, a rentabilidade chegou a 5,8%, o que é um percentual muito significativo se comparado ao padrão da própria Bianchini e de empresas de comércio exterior, as tradings, em geral.

"A quebra que aconteceu na safra de soja e também de milho em 2020 fez a gente sentir o problema da falta de matéria-prima, mas em compensação conseguimos preços melhores e pudemos vender com margem melhor", explica Arlindo. "Veja que do início de 2020 até maio do mesmo ano, um saco de soja valia de R$ 80 a R$ 85. E em 2021 o saco de 60 quilos de soja arrancou valendo mais que o dobro, cerca de R$ 170. Os preços subiram muito."

Como 80% de sua receita ligada à exportação de grãos, a Bianchini tirou partido do cenário de valorização internacional das commodities agrícolas, assim como da alta do dólar frente ao real. Os outros 20% do faturamento provêm da produção de biodiesel, e é este o fator que dá razão ao pé atrás de Arlindo. O percentual de mistura do biodiesel no combustível enfrenta um período de avanços, recuos e, sobretudo, incertezas.

A valorização da soja inflacionou o preço do óleo e o governo federal quer evitar o encarecimento do diesel em proporções ainda maiores que as atuais, já causadoras de desgastes com os caminhoneiros diante do encarecimento dos fretes. Nenhum revés, porém, atingiu Arlindo mais fortemente que a perda de seu primo, Antônio Bianchini, no início de 2021. "Bah", lamenta ele, "foi um baque familiar e também para a empresa, porque era o nosso diretor comercial e estava na empresa fazia 47 anos. Sabia tudo sobre o nosso mercado."

Este conteúdo integra o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

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Quinta, 25 Abril 2024

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