Dana, o diamante da indústria automobilística
Duas trajetórias fundamentais na história da Dana Holding Corporation remetem ao ano de 1899. Ambas, em determinado momento, convergiram para a consolidação da marca no mercado brasileiro. A primeira delas começa na Cornell University, em Nova York. Foi em 1899 que a escola de engenharia recebeu o aluno Clarence Spicer, autor de um projeto que revolucionaria o sistema de transmissão para veículos motorizados – com o emprego de um inédito modelo de junta perpendicular. A chamada “junta universal” foi registrada em 1903 e passou a ser produzida já no ano seguinte, com a fundação da Spicer Universal Joint Manufacturing Company. Começava, então, a história da Dana.
Utilizada ainda hoje, a junta universal – ou cruzeta do cardan – possibilitou o surgimento do transporte de carga motorizado e tornou-se padrão internacional entre os fabricantes de veículos. Em 1914, a Spicer recebeu o investimento do advogado Charles Dana, que reconheceu potencial no empreendimento e realizou um aporte para tornar-se sócio de Clarence. Com o novo comando comercial, a Spicer entrou de vez no caminho do crescimento – uma trilha que já se estende por mais de cem anos. Charles Dana assumiria a presidência da companhia em 1916, alterando sua denominação para Dana Corporation – enquanto a linha de produtos permaneceu com o nome Spicer. Com sede em Maumee, em Ohio, nos Estados Unidos, a Dana é a líder mundial na fabricação de tecnologias de força (componentes térmicos e de vedação) e produtos de linha de transmissão. Além disso, é um fornecedor líder de peças originais para montadoras de veículos, abastecendo praticamente todas as empresas do setor. Com operações em 26 países, onde emprega aproximadamente 23 mil colaboradores, no Brasil a Dana possui unidades em Gravataí (RS), Sorocaba e Diadema (SP).
Coincidência do destino
A história da Dana no Brasil também encontra um marco em 1899. Enquanto Clarence Spicer começava a revolucionar o mundo dos transportes, a cidade germânica de Eblag via nascer Ricardo Bruno Albarus. Especialista em desenho e mecânica, o imigrante chegou a Porto Alegre em janeiro de 1923, egresso de uma Alemanha então imersa em grave crise econômica. O conhecimento técnico lhe garantiu emprego numa oficina de precisão – ramo no qual abriria um empreendimento, ao lado de dois colegas. A associação, feita em 1928, durou até 1947, quando Albarus se uniu ao genro e fundou a Albarus & Cia.
Pioneira e única fabricante brasileira de cruzetas – peça do sistema de transmissão dos automóveis –, a Albarus sempre perseguiu o aprimoramento técnico e a elevação da qualidade de seus produtos. Essa propensão levou a Albarus a buscar expertise através de parcerias internacionais. Em 1955, a Albarus firmou um acordo de assistência técnica com a Spicer Manufacturing, uma divisão da Dana Corporation. Era o primeiro impulso para o salto que aconteceria em 1957, quando a Dana adquiriu ações da Albarus. Era a primeira vez que a Dana realizava um aporte fora dos Estados Unidos – cedendo maquinário e tecnologia em troca de participação. Com a injeção de recursos, a Albarus passou a fabricar produtos com tecnologia Spicer no Brasil e a registrar uma vigorosa expansão nas décadas seguintes. A associação entre Dana e Albarus pode ser considerada um desmembramento de políticas de incentivo governamentais ao então incipiente setor automobilístico nacional. A história de solidificação da marca Dana está diretamente relacionada à estruturação do próprio mercado de veículos no Brasil – do qual a companhia sempre foi protagonista. Em 1983, a Albarus já tinha a maior parte de seu capital pertencente à Dana. Naquele ano, a revista Exame elegeu a Albarus a melhor empresa de autopeças do país.
A partir da década de 1990, a Dana deu início à transição da marca Albarus. Reconhecida mundialmente pela excelência de seus produtos, a Dana ostenta uma assinatura global no setor automobilístico. Em vários países, a companhia atendia por nomes diferentes. O reposicionamento gradual da marca começou por volta de 1993, quando a empresa adotou a denominação Dana-Albarus no Brasil. Em 1998, o nome Albarus foi definitivamente suprimido da fachada, e a companhia passou a apresentar-se como Dana – alinhando sua imagem à das demais operações espalhadas pelo mundo.
Apesar disso, o nome Albarus não desapareceu. Sinônimo de qualidade, confiança e tradição, a marca hoje batiza uma das linhas oferecidas pela Dana. Atualmente, a empresa disponibiliza duas famílias de produtos: a Spicer – com artigos premium, direcionados a montadoras – e a Albarus – uma linha estratégica, de reposição. Passados mais de 15 anos anos desde a mudança, a Albarus ainda possui uma lembrança de marca altíssima junto ao público brasileiro, especialmente no Rio Grande do Sul – onde fica a matriz da Dana na América do Sul. A identidade da marca Dana está alicerçada em quatro pilares conceituais. O primeiro deles é a integridade e a honestidade em todos os processos. Esses valores também estão refletidos no segundo fundamento da empresa, a boa cidadania corporativa – uma conduta relacionada ao respeito com o meio ambiente, às condições de trabalho dignas e à lisura das relações nos mais diferentes níveis da companhia.
Comunicar-se abertamente e ser transparente com todos os seus públicos é outro dos princípios que norteiam a atuação da Dana. O conjunto de atributos é completado pela melhoria contínua: a Dana é uma empresa orientada pela sustentabilidade e pela evolução de suas atividades enquanto indústria de transformação. Por ser uma empresa focada no mercado corporativo, com produtos eminentemente técnicos, a Dana prioriza estratégias de marketing dirigidas à indústria automobilística. As ações incluem a participação em feiras e a veiculação da marca em publicações do segmento – além de inserções pontuais em edições focadas no mercado corporativo, como a Revista Amanhã. A Dana também procura fomentar a cultura local com investimentos através de leis de incentivo estaduais que apoiam projetos socioculturais. Dentro dessa política, é possível citar algumas iniciativas de destaque, como o projeto Concertos Dana – elaborado em conjunto à Orquestra de Câmara da Ulbra há mais de uma década – e a Rede Parceria Social – uma iniciativa governamental de estímulo à alimentação saudável, com benefício a entidades assistenciais.
Forte como diamante
A identidade visual atual da Dana surgiu em meados da década de 1960 e manteve-se praticamente inalterada. Colorida em azul e preto, a marca traz o lettering envolto por um losango estilizado, que sugere o recorte de uma peça tridimensional e remete-se à forma de um diamante. Raro e inquebrável, o diamante inspira atributos como a qualidade, a durabilidade e o valor diferenciado da Dana.
Conservar as posições de liderança que ostenta no mercado é o objetivo primordial da Dana. Nesse sentido, em 2011, a empresa anunciou o seu maior investimento já realizado no Brasil, com o acordo firmado junto à paulista Sifco – principal fabricante de eixos dianteiros do país. O negócio envolveu valores na casa dos US$ 150 milhões e concedeu à Dana os direitos sobre a capacidade produtiva e a carteira de clientes da Sifco. O acordo estratégico alçou a Dana ao posto de maior fabricante brasileira de driveline para veículos comerciais – termo referente ao sistema de eixos veiculares. Atualmente, cerca de 95% dos caminhões produzidos no país estão equipados com eixos cardan e dianteiros Dana.
Alicerçada no pioneirismo, a marca segue em busca da evolução tecnológica para oferecer produtos que deem maior sustentabilidade aos clientes e ao meio ambiente. Fundamentais para o desenvolvimento da indústria automobilística mundial, as soluções inovadoras e o espírito “albariano” até hoje presente na Dana levam adiante uma história singular.
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