Baram: o triunfo da perseverança

O representante comercial Josely Rosa passeava pelos estandes de uma feira do setor construtivo, em São Paulo, quando teve o insight que mudaria sua carreira profissional. Nascido em Cachoeira do Sul, filho de agricultores, Josely visitava o evento c...
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O representante comercial Josely Rosa passeava pelos estandes de uma feira do setor construtivo, em São Paulo, quando teve o insight que mudaria sua carreira profissional. Nascido em Cachoeira do Sul, filho de agricultores, Josely visitava o evento como representante de uma marca de equipamentos para proteção individual. Ao parar no espaço de uma fabricante francesa, o jovem vendedor encantou-se com a tecnologia dos andaimes elétricos apresentados e vislumbrou a possibilidade de criar soluções com qualidade e segurança para o mercado de construção brasileiro. No mês de agosto do ano 2000, aos 31 anos, ele uniu-se a dois sócios para fundar a Baram Equipamentos.

Como de praxe, o início da empresa foi marcado por dificuldades. A sede ficava numa pequena sala, em Esteio, região Metropolitana de Porto Alegre. A equipe resumia-se a um único funcionário. Para confeccionar o primeiro andaime, Josely contou com o auxílio de um amigo, engenheiro mecânico. Chamado de balancim elétrico, o produto é uma plataforma tracionada por empuxe automático, cuja largura varia de um a 8 metros. A estação sustenta até duas pessoas e é empregada para serviços externos, em fachadas. Bastante difundido em outros países, o artigo era praticamente inédito no país. A marca foi a segunda fabricante brasileira a produzir o balancim elétrico. Infelizmente, a novidade encalhou. A Baram Equipamentos não teve sequer um real de faturamento nos primeiros três anos. Os demais sócios saíram do negócio. Sobraram apenas Josely e sua perseverança. 

A frustrada epopeia da Baram para participar da primeira feira, em 2001, sintetiza bem os obstáculos enfrentados até a consolidação do negócio e a enorme força de vontade de seu criador. Josely pediu o auxílio de dois funcionários para colocar o balancim elétrico sobre a caçamba de uma pickup e rumou à capital paulista. Lá, montou o estande sozinho e apresentou o andaime durante cinco dias; terminado o evento, desfez toda a estrutura e retornou para casa sem vender nada. O mercado desconhecia o produto e a marca.

A degustação foi a saída encontrada por Josely Rosa para conseguir fechar o primeiro pedido. Em 2004, a Baram cedeu um balancim elétrico para uma obra em Novo Hamburgo. O engenheiro teria 30 dias para testá-lo. Caso não gostasse do funcionamento, poderia devolver o produto sem custo. Passados 19 dias do acerto, Josely recebeu uma ligação: o engenheiro não só aprovara o andaime como já requeria a compra de um segundo equipamento.

Quebrado o lacre, a Baram não parou mais. Josely Rosa identificou a inadequação do balancim elétrico para o mercado da época. A aparelhagem estava à frente do seu tempo. A marca optou por um recuo tecnológico e criou o balancim manual. Essa medida foi importante para acelerar a entrada da empresa no setor. O reposicionamento prosseguiu com a diversificação do portfólio: surgiram os dutos para entulhos práticos, seguidos por guinchos de pórticos, gruas de pequeno porte, plataformas de descarga e o balancim em L, além de máquinas para reboco e reciclagem.    

Passada menos de uma década desde aquele telefonema redentor, a Baram Equipamentos é hoje a líder nacional no segmento de andaimes e opera nos empreendimentos das maiores construtoras e incorporadoras do país. Nos últimos três anos, a empresa agregou novas frentes de atuação, transformando-se no Grupo Baram – atualmente composto por mais de cem colaboradores e nove unidades de negócio. Em 2012, a empresa inaugurou um parque industrial em Sapucaia do Sul. Com capacidade para gerar cerca de 800 peças por mês, o complexo produtivo conta ainda com outros dois polos: um em São Paulo, destinado à fabricação de materiais plásticos, e outro em Fortaleza, direcionado à montagem de equipamentos. Além disso, a Baram também detém centros de distribuição no Paraná e em São Paulo.

Consolidação e novos caminhos

O Elevador de Cremalheira, ascensor utilizado para movimentação de cargas e pessoas em obras civis e industriais, foi lançado em 2011 e já se tornou um dos destaques no leque de artigos, devendo alavancar o crescimento da marca nos próximos anos. Por seu avanço tecnológico, o próprio balancim elétrico ainda oferece uma vasta margem de exploração. Inicialmente restrito a demandas leves, como limpeza e pinturas de fachadas, essa variante de andaimes foi absorvida pela cultura do mercado construtor e é hoje indispensável a qualquer obra de maior vulto. O módulo está adequado às principais legislações de segurança vigentes no país e no mundo. 

A segurança, inclusive, é um dos valores mais reforçados pela marca. Modernos e confiáveis, os produtos Baram seguem de forma rígida todas as normas de proteção aos usuários. Em 2010, a empresa elaborou a campanha institucional Ancoragem Consciente, que chamava a atenção para a correta instalação dos equipamentos, visando à mitigação dos riscos inerentes ao trabalho. Veiculadas em rádios, jornais e na cartilha de construtoras, as peças abordavam os dispositivos antiacidente acoplados à aparelhagem, ressaltando as garantias e a robustez dos produtos.

A comunicação foi sempre uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da empresa. Inicialmente, a Baram investia em publicações técnicas, dirigidas ao setor. Logo depois, a estratégia de comunicação passou a incluir também os veículos de massa, com a exposição em revistas econômicas e grandes rádios de Porto Alegre – incluindo inserções nas jornadas esportivas. A marca tem presença frequente em feiras ligadas à construção civil. Em 2010, por exemplo, a Baram abriu estandes em 26 eventos do segmento. 

Nesse quesito, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) é um parceiro importante. A Baram Equipamentos apoia as iniciativas da entidade, principalmente quando remetem à valorização da segurança no trabalho. A corporação tem em seu Departamento Comercial outra importante via de divulgação, dispondo de uma ativa equipe de vendas que atua em proximidade às empresas de construção – buscando conhecer e suprir todas as suas necessidades. 

A preocupação ambiental está entre os atributos referenciais da marca. Em 2008, o grupo lançou a Verbam, primeira gama de produtos sustentáveis. A Baram Energy, voltada a soluções em energias renováveis, surgiu em 2011. A HB Soluções Eólicas, braço que oferece produtos para manutenção e preservação de parques eólicos, apareceu nesse mesmo ano, consolidando a verve empreendedora de Josely em um grupo com atuação em mercados diversificados.

A própria matriz de Sapucaia do Sul, denominada Eco Baram Corporate Park, é totalmente orientada à exploração consciente dos recursos naturais. Primeiro ecoparque industrial do Brasil, o núcleo é dotado de 35 apelos sustentáveis. Entre essas práticas estão o reaproveitamento da água das chuvas, a adoção de motonetas elétricas para circulação interna, o abastecimento de energia por placas solares, a não utilização de copos descartáveis e o cuidado na separação dos resíduos provenientes da produção. 

O desenvolvimento de novos negócios e produtos alinhados à sustentabilidade é atualmente o principal foco do Grupo Baram. Os compromissos com o meio ambiente estão visíveis a quem chega à sede: logo na entrada há um painel apresentando as metas traçadas ano a ano. A estratégia de crescer e inovar contribuindo com a natureza fica clara num dos objetivos ambiciosos da marca: até 2019, a empresa pretende transformar o Eco Baram Corporate Park numa estrutura 100% autossuficiente, a partir de energias renováveis. 

“Seu” Baram

O fundador Josely Rosa já se acostumou a ser constantemente chamado de Josely Baram. Embora o sucesso da empresa seja uma extensão de suas qualidades e a coroação de seu esforço e convicção, a palavra Baram não possui uma referência clara. O termo foi inventado pelo próprio Josely, com o intuito de exprimir um nome forte, de fácil identificação. A logotipia da empresa traz o lettering com letras bojudas, sem serifas, representando a segurança dos equipamentos e a solidez da marca. Colorida em bordô, a tipografia tem ao lado um elemento visual circular, em amarelo, contendo a letra B. As cores escolhidas remetem à pintura dos produtos: o amarelo é o tom majoritário e destaca a aparelhagem nas fachadas dos prédios e nos canteiros de obras. 

Com seus principais clientes instalados em praças das regiões Norte e Nordeste do país, a Baram comemorou em 2013 o cumprimento de uma meta sonhada, mas impensável naqueles primeiros anos de dificuldades: romper a marca de R$ 100 milhões de receita bruta em um ano. As exportações, concentradas em países da América do Sul, representam uma fatia ainda pequena da receita, inferior a 10%, revelando um grande potencial de crescimento futuro. 

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Domingo, 15 Dezembro 2024

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