“O 5G será a nova eletricidade”, projeta CEO rotativo da Huawei

Diversos fatores desencadearam a guerra comercial entre as duas maiores potências da atualidade. Porém, não é possível entender a disputa entre Estados Unidos e China sem passar por um capítulo central: a Huawei. Gigante chinesa de tecnologia, a empresa despertou a desconfiança do governo norte-americano – que a acusa de, por trás da cortina dos negócios, praticar espionagem. O clima de tensão está tão grande que um dos principais palestrantes da Web Summit se negou a dar entrevistas para os jornalistas credenciados. E a participação do CEO rotativo da Huawei, Guo Ping (foto), somada à do ex-espião americano Edward Snowden, gerou o questionamento de um jornal local: a conferência vai azedar a relação entre Portugal e os Estados Unidos? A resposta ainda é incerta.

Neste cenário marcado pela belicosidade, saiu frustrado quem foi assistir à exposição do executivo chinês com a expectativa de que temas sensíveis seriam abordados – em forte contraste com o posicionamento marcante de Snowden. Para quem acompanhou a exposição sem saber do contexto, parece que tudo está dentro da normalidade.  Durante o painel “5G+X: Criando uma nova era?”, Guo Ping mediu cada palavra, transparecendo que o conteúdo foi ensaiado diversas vezes. Desenvolveu uma fala protocolar, apresentando a visão de futuro da Huawei e os movimentos em curso para chegar lá. E parou por aí.

Fazendo um resgate sobre o impacto da tecnologia na civilização, Guo Ping traçou um paralelo ambicioso: “O 5G é a nova eletricidade”. O líder da segunda maior fabricante de smartphones do planeta destacou que, embora seu desenvolvimento tenha iniciado há pouco tempo e esteja na fase de “infância”, o recurso avança com rapidez. Para comprovar essa realidade, foi aos números: dez países disponibilizam hoje esse serviço, mas até o final do ano serão 60, segundo suas previsões. “O 5G está chegando mais cedo do que o esperado.”

O executivo chinês chamou atenção para diversos benefícios trazidos pela tecnologia, como a maior rapidez e a menor latência. “Pessoas que estão à distância poderão se conectar em tempo real, como se estivessem sentadas em um mesmo local”, afirmou, logo após mostrar um vídeo em que músicos de diferentes pontos do globo tocavam juntos. “Vamos entrar num mundo totalmente conectado”, assinalou. Outra grande mudança virá na experiência do usuário: de acordo com Ping, as pessoas consomem, em média, três vezes mais dados com o 5G em relação ao padrão atual, com o 4G. O CEO da Huawei também fez questão de deixar claro que isso não trará benefícios somente para o lazer e o entretenimento. “Tornará a produção mais segura e eficiente. E empurrará toda a indústria para frente”, frisou. 

Nesse sentido, apresentou uma iniciativa da gigante chinesa que utiliza inteligência artificial e big data: a Track AI. Com tecnologia de última geração, o sistema faz uma leitura ocular de altíssima precisão para ajudar a diagnosticar sinais precoces de problemas de visão entre as crianças. Na etapa final de sua palestra na Web Summit, Ping antecipou diversos planos da companhia para o futuro, deixando clara sua ambição global. E, para o público que ainda acreditava que o executivo se pronunciaria sobre a disputa com os Estados Unidos, ficou claro o objetivo do painelista: a Huawei está em busca de programadores para expandir sua atuação. Já enviou seu currículo? 

*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez, que promove uma missão ao evento.