Como a tecnologia pode contribuir na quarentena

Se você está lendo este artigo é porque está na frente de uma tela – pode ser de qualquer tamanho, na sua mão ou presa na parede, mas por trás dela está a tão falada transformação digital e todo o aparato tecnológico envolvido. A tecnologia se tornou ainda mais presente nas nossas vidas neste período de quarentena, algo que nem imaginávamos que pudesse ser possível. Ok, mas como essa tecnologia toda pode contribuir com a sociedade, em tempos de pandemia com o coronavírus?

Comércio eletrônico
Contra fatos não há argumentos: conforme o E-commerce Brasil, 71% dos consumidores brasileiros aumentaram suas compras on-line após o surgimento da Covid-19. Os melhores sites, com melhor UX (experiência do usuário) e que permitem uma jornada de compra mais agradável são os escolhidos pelos consumidores. Os bots também são uma tendência neste contexto: aqueles chats automáticos que respondem às dúvidas dos clientes, pois ninguém tem tempo e ninguém quer mais esperar a resposta do e-mail chegar!

Varejo phygital
Ainda seguindo na linha do varejo, uma tendência recente são as soluções do tipo phygital, como por exemplo as guide shops – lojas onde o cliente pode ver e experimentar os produtos, que são entregues posteriormente no conforto do seu lar. Bom, a parte de ver e experimentar está comprometida, já que estamos de quarentena em casa, mas a tecnologia permitiu que todo um background de sistemas e logística estivesse ao nosso dispor em um momento como esse. Quem se reinventou antes da pandemia está mais bem preparado para enfrentá-la!

TIC
Esta é uma das questões mais importantes neste momento: como se comunicar com as pessoas? Como manter a equipe de trabalho alinhada, com cadência de entregas e, talvez a parte mais difícil, motivada? A tendência natural é correr para o Whatsapp, sistema de mensagens utilizado por 2 bilhões de usuários no mundo, segundo dados divulgados pelo Facebook em fevereiro. Mas exatamente por ter um número tão grande de usuários, essa ferramenta se tornou uma opção saturada, repleta de mensagens sobre a pandemia, sobre motivação e emojis. Sem falar que está no âmbito da utilização pessoal. Nesse contexto, surgem outras opções de comunicação em grupos (ou não): o Discourd é uma delas. Ele permite a troca de mensagens escritas, áudios, conferências com imagem e muito mais. Falando em conferências, nada como ver a carinha dos colegas ou amigos e parentes neste momento de isolamento social. Existem várias ferramentas que permitem as webconferências, até mesmo gratuitas: Zoom, Whereby, Jitsi, Periscope, etc.

Educação
Neste exato momento, milhares de adultos e crianças estão recebendo mensagens, atividades, vídeos e tudo mais que envolve o ensino e aprendizagem, para que o processo educativo não se interrompa, seja no ensino fundamental, médio ou universitário. A tecnologia que permite a educação on-line são os chamados AVA´s – Ambientes Virtuais de Aprendizagem, como o Moodle, Blackboard, Canvas e Google Classroom. Eles já estavam prontinhos e sendo muito utilizados pelos 1,8 milhão de alunos matriculados em cursos superiores a distância no Brasil. E ainda há aqueles que querem utilizar a quarentena para aprender algo, aproveitando que estão pipocando cursos on-line gratuitos. Para cursos livres, existem alternativas como Udemy, Hotmart e Eadbox.

Ciência de dados
Com certeza você já ouviu dizer que "os dados são o novo petróleo". O que acontecerá com o petróleo é uma incógnita, mas certamente os dados ganharam muita relevância nesses novos tempos. Você tem aplicativos no seu celular? Utiliza a internet no seu computador? Então certamente tem gente por aí que sabe muita coisa sobre você: do que você gosta, por onde você anda, quais foram suas últimas compras. Tudo isso em prol de uma maior comodidade e conveniência para os consumidores. Assim, é possível oferecer o produto certo, na hora certa, para a pessoa certa. Termos como big data, data driven marketing, inteligência digital e Data Science fazem parte desse universo que é movido pela ciência de dados. Se forem bem utilizados, eles podem inclusive contribuir com o monitoramento e controle de uma pandemia como a do coronavírus.

Meios de pagamento
Provavelmente sua mãe dizia para você lavar as mãos depois de manusear o dinheiro. Não era à toa, já que as cédulas e moedas são excelentes depositórios de vírus e bactérias. Na China, praticamente 70% dos pagamentos são realizados por meios digitais, com o celular, através dos aplicativos Wechat e Alipay. A redução acelerada da utilização do dinheiro em espécie foi considerada um dos motivos pelos quais o país asiático conseguiu frear a epidemia do coronavírus. As tecnologias estão disponíveis para que os brasileiros também possam utilizar cada vez menos dinheiro vivo. As carteiras digitais (wallets), pagamentos através de QR Codes, aproximação e reconhecimento facial são algumas possibilidades tecnológicas oferecidas pelas fintechs, que além de serem mais eficientes, seguras e rastreáveis, também são mais higiênicas e ajudam a evitar contaminações. Outra tendência são os pagamentos sem fricção (ou sem atrito), nos quais o consumidor nem sente que está pagando, como acontece quando utilizamos o serviço de um aplicativo de transporte.

Entretenimento e cultura
Hora de colocar os filmes, seriados, músicas e livros em dia! Se você tiver tempo livre durante a quarentena, poderá utilizar as tecnologias de streaming – uma forma de distribuição digital para oferecer conteúdo multimídia através da internet. Os exemplos são o Netflix, Amazon Prime, Spotify, Scribd, Deezer, Ubook, Now, Globo Play, Disney+, Youtube, etc. Muitos desses serviços estão praticando a solidariedade e oferecendo conteúdo gratuito ou com descontos durante o período em que as pessoas devem ficar em suas casas.

Com certeza sairemos mais fortes dessa crise. Afinal, somos brasileiros e não desistimos nunca! Quando o coronavírus for controlado e virar apenas mais um tipo de gripe no catálogo dos médicos, estaremos mais preparados para lidar com a quarta revolução industrial e com o novo mundo que vem pela frente. E ele será mais saudável e cada vez mais tecnológico.

*Professora da Faculdade Senac de Porto Alegre e sócia da Educate Consultoria e Assessoria Empresarial